quarta-feira, 23 de maio de 2012

O Imposto de Palhota e Outras Rapinagens - A propósito do IMI


O IMPOSTO DE PALHOTA E OUTRAS RAPINAGENS - José Luís Félix

As classes dominantes, estribadas num saber refinado ao longo de séculos, preparam-se para nos fazer pagar os seus desvarios e ociosidades com um exacerbado IMI.
Os capatazes desta pátria de negreiros seguem à risca os ditames dos seus antecessores. Daqueles que na Inglaterra encerravam nas Casas dos Pobres os desnudados de terras e de posses, forçados a trabalhar dia e noite com um único móbil, o enriquecimento dos patrões.  
Ou dos seus sucessores em plena ditadura salazarenta, que açulavam a polícia a perseguir os serranos da Estrela, operadores de teares manuais em suas casas, assim atormentados com a extorsão, o roubo e a prisão. Uma perfídia, destinada a eliminar a concorrência e obter mão-de-obra dócil e a baixo custo para a indústria têxtil.
 Foi gente de semelhante estirpe que, nas colónias africanas, maquinou o imposto de palhota, destinado a acorrentar a população. Sobre a habitação tradicional, construída pelos próprios na sua terra, passou a incidir um imposto, para que lhes fosse consentido   habitá-la! As autoridades, raivosas face à autonomia das populações, assente na economia de subsistência que o uso ancestral das férteis terras comunitárias lhes permitia, decidiram inverter a situação. Para isso fizeram uso de um hábito tão velho quanto o Estado, a imposição do imposto. E semelhante rapina teria fatalmente de ser satisfeita em dinheiro. Na ausência do vil metal só restava àquelas esbulhadas gentes uma saída, o trabalho nas plantações coloniais, a venda da força de trabalho a baixo custo, para conseguirem o dinheirame infligido pela canga fiscal.
 Estavam criadas as novas vítimas da sociedade mercantil, subitamente envolvidas na espiral da necessidade de algo que até ali desconheciam, o dinheiro e a sociedade da mercadoria que o impõe.
 Tratou-se, de facto, de um importante passo naquilo que a desvergonha reinante classifica como um acto civilizador. Acresce que essa intriga foi montada na ausência de escravatura, falsamente extinta no início do século XIX. O salariato, a escravatura moderna, envolvia toda a humanidade.
 Nos dias de hoje somos acossados pelos mandarins hodiernos cada dia com mais impostos, chupistas do fruto do nosso trabalho, quando o alcançamos.
Não satisfeitos com o saque generalizado sobre as carteiras do forçado contribuinte, os  sobas em exercício resolveram recriar o imposto de palhota.
 Agora já não com a imposição do trabalho assalariado, face à sua raridade. Mas com as mesmas perversidades. Ou seja, o temor do amo, que flagela os seus servos com a imolação da precariedade e do desemprego, o pavor do cobrador de impostos, ou a concorrência entre desgraçados e a obediência suportada pelo medo.
 A última trapaça dos novos caudilhos é o abrutado aumento do imposto sobre a habitação, o IMI. Num país onde a política habitacional, favorável à especulação imobiliária e à ganância bancária, impede a criação de habitação para aluguer, quase todos são proprietárias, embora apenas da casa onde residem.
Todos estes proprietários, com dificuldades crescentes para o pagamento da prestação mensal ao banco, cada dia maior face aos salários aceleradamente reduzidos, deparam hoje com um novo pagamento, o actualizado IMI, que os “nossos queridos líderes” decidiram aumentar para meio por cento do valor matricial da habitação.
 E isto representa muitas centenas de euros, nada menos que 500 euros anuais por cada 100.000 euros do valor do registo da habitação. Imagine-se uma casa adquirida por 150.000 euros, pois agora os seus “proprietários” terão de pagar um imposto anual de   nada menos que 750 Euros embora, devido à queda do preço especulativo do imobiliário, sejam actualmente atribuídos  ao seu apartamento  cerca de 90.000 Euros. Estamos, ou não em presença de um novo imposto de palhota? Que nos obriga a cortar em despesas indispensáveis para podermos pagar aos bancos e ao estado.
 Talvez a grosseria do 1º ministro faça assim algum sentido e deva ser levada à prática. Não disse ele que “o desemprego é uma magnifica oportunidade para o desempregado”?.
Aceite a premissa, é preciso levá-la até às últimas consequências. Num mundo em que o trabalho escasseia, talvez seja chegada a altura de lhe por fim. Ao trabalho assalariado, à opressão que lhe dá origem, não à actividade que todos gostariam de exercer.
E imponha-se ao Dr. Coelho a sua receita. Que abandone o cargo, mergulhe no desemprego, descubra esse mundo de oportunidades de que fala e deixe-nos em paz.
E não se esqueça de levar consigo todos os seus parceiros das mais variadas colorações partidárias, que nos exploram e oprimem, com o IMI, a crise e demais invencionices com que estrangulam as pessoas para que os bancos e seus apêndices sobrevivam.
Mas desta vez não vá bater à porta dos amigos capitalistas para o mimarem, como fez após terminar a licenciatura aos 30 e muitos anos, até aí sem registar qualquer actividade profissional, quando num assombroso reconhecimento dos seus méritos, foi nomeado administrador de 4 empresas. Assim não vale, Dr. Coelho!

terça-feira, 8 de maio de 2012

Emma Goldman recordada em Lisboa


Este é o relato da sessão "Emma Goldman - Feminismo e Anarquismo", promovida pela nossa Tertúlia Liberdade, na Biblioteca/Museu da República e Resistência, no Bairro Operário Grandela, da Estrada de Benfica. A conferencista, Claire Auzias, teve a colaboração na mesa da Paula Montez e de uma companheira anónima, que efectuou a tradução quando necessário.

Entre 25 a 30 pessoas, participaram interessadas na exposição da Claire, que ilustrou o seu relato com a revelação de diversos episódios da vida daquela anarquista, referindo amiúde a situação passada e actual do movimento anarquista e a posição da mulher,  assumindo diversas tendências de feminismo, com destaque para aquele que se apresentou e apresenta como um feminismo não burguês,  autónomo e revolucionário, personificada por figuras como Emma Goldman. A mesma Emma Goldman que proferiu a célebre declaração, "Uma revolução em que não se dance, não é a minha revolução ! "

Nesta exposição, a oradora não deixou de referir a posição de Emma Goldman após a Revolução Russa, quando do seu imposto regresso à Rússia, o país natal, que as autoridades dos EUA lhe impuseram, devido à sua actividade revolucionária e contra a barbárie e matança das guerras, fomentada pelo império do capital. E falou-nos assim do sistema, falsamente revolucionário que Emma Goldman encontrou, com uma sociedade concentracionária, dirigida por uma elite ditatorial da pior espécie, para quem os fins da ditadura dos chefes do partido ditavam todos os meios, e de todo o fervor que a revolucionária dedicou à mudança de rumo empenhando-se, sem resultado, em conversas com os principais mentores do regime, para que o percurso cruel em que seguiam fosse alterado.

O interesse despertado pelo relato da Claire, em todos os aspectos que abordou, foi bem manifesto ao longo da sessão e através do diálogo que a assistência travou com a oradora,  após a sua exposição.
 Para concluir, pode-se considerar que esta Conferência/Debate foi bem positiva.
A Tertúlia Liberdade, em colaboração com outros grupos e pessoas, irá prosseguir este percurso, contando com a indispensável parceria da Biblioteca/Museu da República. e Resistência. 

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Domingo estamos nas Caldas


A Tertúlia Liberdade vai estar no próximo Domingo nas Caldas da Rainha para participar na Feira Libertária. A Feira Libertária das Caldas da Rainha que se realiza neste fim-de-semana conta com a presença de vários colectivos e artistas que vão dinamizar espectáculos, performances e encontros e mostrar as suas actividades. A Tertúlia Liberdade vai dinamizar uma conversa-debate-tertúlia com o tema «A Troika Impera e o Povo Desespera». Vem connosco e traz um amigo também. 

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Emma Goldman- Feminismo e anarquismo




No próximo dia 4 de Maio, 6ª feira, às 18,30H, a Tertúlia Liberdade, promove no Museu da República e Resistência, uma sessão sobre a revolucionária Emma Goldman, subordinada ao tema "Feminismo e Anarquismo".

Do programa consta a exibição de um documentário sobre a vida de Emma Goldman e uma conferência com a conhecida investigadora Claire Auzias.

O Museu situa-se na Estrada de Benfica, 419, Bairro Operário Grandela, servido pelo metro da Estação do Alto dos Moinhos, a 5 minutos de distância.


Apreciaremos a vossa participação e agradecemos a divulgação desta sessão. A entrada é livre.

sexta-feira, 30 de março de 2012

lançar a discussão

A Tertúlia Liberdade pretende realizar uma série de encontros para discussão de temas actuais. Não se trata de realizar debates ao estilo tradicional mas antes dinamizar tertúlias, como fazemos quando nos encontramos, onde de um modo mais ou menos informal se discutam assuntos actuais. Escolhemos três temas: Crise e Medidas da Troika, Repressão Policial e Democracia Musculada ou caminhos para uma Ditadura?
É nossa intenção trazer a esta discussão o maior número possível de participantes. Achámos que seria interessante apelar à participação nesta reflexão sobre a actualidade, mesmo os que não vão poder estar presentes.
Tivemos a ideia de pedir a sua participação por escrito e de publicar depois estas opiniões num pequeno livro a editar e lançar por alturas do 25 de Abril.
Apelamos assim que nos façam chegar até 12 de Abril as vossas reflexões sobre estes temas em formato electrónico. Podem enviar os textos em word até 3 páginas para tertulia.liberdade@yahoo.com escrevendo no campo assunto - Lançar a Discussão.

quinta-feira, 8 de março de 2012

2ª edição da Feira do Combro com debate sobre Turismo Social




A segunda edição da Feira do Combro é já no próximo sábado dia 10 de Março entre as 11 e as 18H nas instalações do Centro Interculturacidade, na Travessa do Convento de Jesus, 16/A, situada ao fundo da Calçada do Combro.
Nesta segunda edição vamos contar com mais expositores, mais música e mais animação. A Feira do Combro é uma Feira de Economia Solidária e Alternativa, uma iniciativa da Tertúlia Liberdade apoiada pelo Centro Interculturacidade. Participa na Loja Livre e na Feira de Ideias.
Troca Quem SE INSCREVE- Oferece Quem PODE- Vende Quem PRODUZ e precisa
Depois da feira pelas 18.30 horas haverá uma palestra sobre Turismo Social de Base Comunitária com Alemberg Quidins presidente da Fundação Casa Grande seguido de debate com a presença de jovens animadores deste projecto.
A Fundação Casa Grande - Memorial do Homem Kariri é uma organização não- governamental criada em 1992, com sede em Nova Olinda, Ceará, Brasil.
Os programas de formação da Fundação Casa Grande desenvolvem atividades de complementação escolar através dos laboratórios de Conteúdo e Produção. O objetivo é a formação interdisciplinar das crianças e jovens.
PARTICIPA ! DIVULGA ! PARTICIPA ! DIVULGA ! PARTICIPA ! DIVULGA !
Contacta-nos:
Telefones: 21 820 76 57 ou 96 620 11 72

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Feira do Combro



A Feira do Combro, Feira de Economia Solidária e Alternativa, uma iniciativa da Tertúlia Liberdade, apoiada pelo Centro Interculturacidade, vai iniciar-se no próximo sábado, dia 25.
Irá decorrer no Centro Interculturacidade, situado na Travª. do Convento de Jesus, 16/A, ao fundo da Calçada do Combro (metro Chiado), à direita, entre as 11 e as 18H.
Teremos a participação de diversos expositores, com trocas, trabalhos e Ideias e Projectos.
Esta á a primeira Feira, que se irá repetir quinzenalmente, aos sábados.
Procuramos criar alternativas, apoiar saídas e divulgar projectos e ideias, que nos ajudem a resolvermos nós próprios os nossos problemas. Gostaríamos muito de contar com a vossa presença. E, se pretenderem apresentar um contributo para esta Feira podem contactar-nos. Ainda é possível acolhermos mais gente.
Foi criado o evento Feira do Combro no facebook:
Partilhem e divulguem!
VAMOS TROCAR O QUE TEMOS E CRIAR O QUE NOS FAZ FALTA. VAMOS VIVER UMA BOA VIDA PERCEBER COMO OS OUTROS FAZEM PARA VIVER MELHOR. VAMOS APRENDER E COMUNICAR COM OS QUE PARTILHAM A MESMA VONTADE.
PARTICIPA NA LOJA LIVRE COM LIVROS, BRINQUEDOS E ROUPA DE CRIANÇA.
Mais informações aqui:
Contacta-nos: