domingo, 27 de fevereiro de 2011

Solidariedade com o povo da Palestina e todos os povos oprimidos


CONCENTRAÇÃO - 4ª FEIRA, DIA 2 DE MARÇO
DAS 18 ÀS 20H.- LARGO DE S. DOMINGOS

A TERTULIA LIBERDADE, CONVIDA TODOS OS GRUPOS E PESSOAS, PREOCUPADAS COM A SITUAÇÃO DO POVO DA PALESTINA E DE TODOS OS POVOS SUBMETIDOS AO DOMÍNIO E OPRESSÃO POR PARTE DE FORÇAS ESTRANGEIRAS E NACIONAIS, A CONCENTRAREM-SE TODAS AS PRIMEIRAS 4ªS. FEIRAS DE CADA MÊS, ENTRE AS 18 E AS 20h. NO LARGO DE S. DOMINGOS, PARA PROTESTARMOS CONTRA ESSA SITUAÇÃO E MANIFESTARMOS A NOSSA SOLIDARIEDADE PARA COM ESTES POVOS.

A PRIMEIRA CONCENTRAÇÃO É JÁ NA 4ª., DIA 2 DE MARÇO
COM DIÁLOGO ENCONTRAREMOS FORMAS DE APOIO
4ª FEIRA VAMOS AO LARGO DE S. DOMINGOS!

SOLIDARIEDADE COM O POVO DA PALESTINA E
TODOS OS POVOS OPRIMIDOS

Às primeiras 4ªs Fªs. de cada mês no Largo de S. Domingos
Das 18 às 20H.



MANIFESTO

O povo da Palestina, submetido a violenta opressão por parte do estado israelita, é vulgarmente ignorado pelos meios de informação dominantes. A débil opinião pública portuguesa é atraída pelas parangonas, imagens sufocantes e ensurdecedora vozearia que gira em torno das notícias da moda. Como os títulos de escândalos, raptos, sexo, crimes furibundos ou ilusórios, que podem embalar o imaginário de cada destinatário, mero consumidor alheado da realidade social.



E, no entanto, o caso do povo palestiniano, diz respeito a cada um de nós. Imagine-se o que seria a invasão de Portugal por uma enorme força estrangeira, apoiada nas armas e dinheiros dos EUA. Para nos dominar e tornar-nos estrangeiros na nossa própria terra, servos dos invasores, à sua mercê, assistindo à apropriação de terras alentejanas e minhotas, da costa do Algarve, à usurpação de quase todo o Ribatejo e muito mais. E não poderíamos frequentar esses colonatos do invasor, seríamos mesmo obrigados a exibir passaporte para nos deslocarmos na nossa própria terra. Como responderíamos, quando às pedradas dos nossos filhos, fartos da arrogância dos colonos e militares invasores, estes respondessem com tiros, assassinando as nossas crianças? Como reagiríamos?


No entanto, muito mais do que isto se passa há largas décadas no território da Palestina, onde até o nome de Palestina é proscrito, substituído pelo genérico “árabe”, para retirar a identidade à população. Tudo perante a conivência e o silêncio de muitos, de demasiados, de gente sem coluna vertebral, que há muito trocou os princípios pelos interesses.


É esta a realidade que nos envolve. Os interesses, o lucro, o domínio e a chamada política real, dominam os governos que, por seu turno, nos dominam a nós. E, no entanto, somos nós, o povo sofredor e anestesiado, que tudo produzimos, e pagamos, as próprias algemas com que nos calcam e extirpam a liberdade.


Em Portugal, como por todo o mundo, os povos, anestesiados pela propaganda massiva e por um ilusório music-hall permanente, deixam-se embalar por vãs ilusões, iludidos por falsas promessas de futuros radiosos, repetidas pelos enormes mistificadores da politica profissional e pelos grandes manitús do capital e seus mercenários da caneta. Temos de nos sacrificar por causa da crise, é tudo pela pátria, o futuro vai ser risonho, repetem até à exaustão. Mas o que está em Portugal não é de todos os portugueses! Só de alguns poucos, os mesmos de sempre. E nos outros países é o mesmo. E que democracia é esta, em que a igualdade só existe no acto do voto? A desigualdade é a regra e a democracia económica, a igualdade real, apavora esses grupo minoritários do poder e do domínio.
E, fora da Europa, dos EUA e pouco mais, é ainda pior. Abundam as tiranias, mais visíveis em África, na Ásia, por todo o lado. Se esses povos procuram libertar-se e ver-se livres das garras que os submetem, logo acorrem pressurosos os verdadeiros conselhos de administração do capital, que são os governos europeus, dos EUA e outros, a aconselhar calma, tranquilidade, consentindo um pouquinho de liberdade.


Tudo isso se tornou bem claro na revolta do Egipto, quando o povo, em greve geral e manifestações constantes, afastou o ditador. Constantemente lhe telefonava o Obama, com conselhos e exigências. Proclamava estar muito preocupado. Onde estava essa preocupação, quando ao longo de décadas o tirano roubou, assassinou trabalhadores e retirou as liberdades ao povo, obrigado a viver na miséria?


É chegado o momento de dizer basta! De vir para rua protestar, de informar, de dialogar, de manifestar o nosso apoio à luta do povo palestiniano e de todos os povos! De estabelecer solidariedades com aqueles que pensam como nós!

segunda sessão do «Que fazer com a puta da tua vida?»

Segunda sessão

“Que fazer com a puta da vida?”

Dia 24 de Fevereiro de 2011 pelas 21:30 cumpriu-se o ritual. Uma conversa à volta com tema livre inspirado no mote da iniciativa. Primeira volta cada um disse quem era – estudantes quase todos, artistas potenciais muitos, estrangeiros alguns. Numa segunda volta só os mais jovens falaram, porque é essa a regra do jogo. E falaram se quê? Trabalho e o modo de tirar prazer do trabalho, ou pelo menos evitar um trabalho alienante. Todos tinham esperança de encontrar o que ainda não encontraram. Seja por via do conhecimento seja por via da arte.
Chegados ao fim da segunda volta uma terceira volta revelou-se intolerável. As conversas dispersaram-se bem como os participantes. Nalguns terá ficado a pergunta – que nunca foi dita – que concluir daqui? Como concluir isto?
O Zé Luís teve então que intervir para usar a sua experiência e explicar como o assalariado é exploração e escravatura. Já na apresentação um participante tinha falado disso, muito ao de leve. Mas o tema não pegou nem preocupou os restantes.
Na verdade foi um sucesso tanto de participação (15 pessoas, mais ou menos) como de interesse pela participação (as pessoas mantiveram-se até ao fim). Pode ter sido estranho, talvez, resistir a um fim sem conclusão, sem comunhão. A dispersão, todavia, pode não ser uma coisa má. Deve haver espaço e tempo para tudo.
A prova dos nove será dia 24 de Março: será que a sessão continuará a chamar participantes?

O que se conversou no encontro com Georges



A França e o Mundo Árabe foram o tema da conversa dinamizada pela Tertúlia Liberdade na passada sexta-feira na Livraria Letra Livre no Bairro Alto. Georges, militante anarco-sindicalista da Confederation Nationale du Travaille de França dinamizou durante quase duas horas uma troca de ideias frutuosa e participada.

Na conversa falou-se da situação actual no Magrebe e Médio Oriente mas também das condicionantes históricas e sociais que estão na origem dos acontecimentos. Ficou claro que as contestações que agora decorrem não surgiram do nada nem se devem apenas aos jovens utilizadores do Facebook e da Internet.

Tanto no Egipto como na Tunísia e Argélia existem antecedentes de grandes lutas e de grandes repressões que antecederam as recentes movimentações. Georges chamou a atenção nomeadamente para as lutas desenvolvidas há cerca de dois anos pelos trabalhadores da bacia mineira da Tunísia, e para o papel da UGTT (União Geral dos Trabalhadores Tunisinos) nesses acontecimentos. Também no Egipto aconteceram no passado recente situações semelhantes de luta popular intensa que nasceram a partir de contestações laborais que entretanto soçobraram devido à repressão.

Os regimes tunisino e egípcio embora de cariz totalitário e repressor sempre se reclamaram de uma fachada socialista e permitiam a existência de sindicatos que tentavam controlar, mas onde sempre existiram actividades que escaparam a esse controle. Um pouco como se passou entre nós antes do 25 de Abril. É bom não esquecer que os partidos no poder na Tunísia e Egipto eram membros da Internacional Socialista como é o PS de Sócrates.

A questão religiosa tão falada pelos média não passa segundo Georges de uma falsa questão. Historicamente os grupos religiosos integraram-se nos movimentos de luta anti-colonial ao lado de outros grupos sem que dai tivesse resultado qualquer hegemonia. O Islão é hoje agitado como um papão junto das opiniões públicas europeias exactamente pelos mesmos que conviveram e confraternizaram com os ditadores agora destituídos.

Os dirigentes da União Europeia e os comentadores televisivos que a toda a hora invocam a questão religiosa e os perigos do Islão são os mesmos que defenderam o apoio aos regimes tirânicos agora depostos. Não faz ainda muito tempo que Sócrates e outros dirigentes europeus de visita ao Magrebe estendiam a mão a estes ditadores e assinavam com eles acordos de cooperação económica e de controlo de fronteiras sem qualquer pudor.

A questão da Palestina foi também colocada a Georges que já visitou por diversas vezes este território. Aqui os problemas são diferentes e estão marcados pela extrema pobreza, pelo desemprego e corrupção. A Autoridade Palestiniana tenta implantar na Cisjordânia os alicerces do novo Estado Palestiniano criando uma vasta rede de funcionários. Assegura assim o controle social das populações ao mesmo tempo que esvazia os grupos políticos não alinhados, cujos simpatizantes ficam sem acesso ao emprego público.

Por ultimo e como não podia deixar de ser falou-se das lutas sociais em França. Georges explicou que estas ocorreram muito por pressão das assembleias de trabalhadores nos próprios locais de trabalho. Em França devido à existência de várias centrais sindicais existe o hábito de as grandes questões laborais serem decididas em assembleias no local de trabalho. Nestas os representantes das diversas centrais sindicais expõem as suas opiniões tentando conquistar os trabalhadores para os seus pontos de vista. A existência de uma maioria esmagadora de franceses contra a alteração da idade de reforma foi o terreno fértil onde cresceu a luta.

Embora aparentemente a luta tenha fracassado, a verdade é que a radicalização das lutas permitiu que naqueles «dias quentes» alguns patrões acossados tivessem oferecido melhores condições de trabalho e melhorias remuneratórias que se mantêm. Mas o mais importante foi que os trabalhadores franceses redescobriram, naqueles dias, novas formas de organização intersectorial e interprofissional que nunca tinham experimentado antes.

Os bloqueios das fábricas e gasolineiras por exemplo, foram feitos por trabalhadores de outros serviços permitindo assim que os trabalhadores das mesmas escapassem à repressão patronal no local de trabalho. Esta solidariedade e cooperação que saltou as fronteiras da empresa, da localidade e do grupo profissional é um acontecimento que não será esquecido tão cedo.

As novas formas de luta e organização ensaiadas e experimentadas pelos trabalhadores franceses no movimento contra a Lei da Reformas de Sarkozy podem a qualquer momento regressar. Se aconteceu uma vez pode voltar a repetir-se.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Quinta-feira debate na RDA 69

Na próxima 5ª feira dia 24, realiza-se o segundo debate promovido pela Tertúlia Liberdade, subordinado ao tema "O que queres fazer da puta da tua vida?". Tal como os outros debates deste ciclo, irá realizar-se na RDA 69, Rua Regueirão dos Anjos, 69 (Metro Anjos).
ENTRADA LIVRE E SAÍDA TAMBÉM!
PARTICIPA E DIVULGA! PARTICIPA E DIVULGA!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A França e o Mundo Árabe



Na próxima 6ª feira dia 18 de Fevereiro a Tertúlia Liberdade, promove uma conversa com o militante anarco-sindicalista da CNT Paris Georges, de passagem por Lisboa. Esta conversa será em português e terá como tema «A FRANÇA E O MUNDO ÁRABE». Será às 21,30 horas na Livraria Letra Livre, situada na loja da Galeria Zé dos Bois na Rua da Barroca, 5 ao Bairro Alto.

PARTICIPA! DIVULGA! PARTICIPA! DIVULGA! PARTICIPA! DIVULGA!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

quem somos?

AS LINHAS GERAIS DA TERTÚLIA LIBERDADE

A Tertúlia Liberdade, define-se, desde o seu início há 3 anos, como um grupo de pessoas que procuram reflectir e agir sobre a cena social, política e cultural portuguesa de forma autónoma, isto é sem se sujeitar a orientações partidárias, estatais ou de quaisquer instituições. Desde então que mantemos a nossa independência, articulando esforços e colaborando com associações congéneres numa base de igualdade e respeito mútuo, procurando fomentar a cooperação entre grupos e, partindo da realidade portuguesa que melhor conhecemos, para o desenvolvimento de uma perspectiva internacionalista, segundo o conceito de agir localmente mas pensar globalmente.
A esta autonomia é necessário acrescentar outros dois aspectos básicos da nossa reflexão e acção, a defesa da liberdade e o fomento da auto organização.
A Liberdade que defendemos está bem expressa no pensamento bakuniniano, é uma liberdade que tem em consideração os aspectos sociais, não se limitando a uma visão meramente individualista que, as mais das vezes, transborda para o egoísmo mais flagrante. Esta liberdade define-se a partir do seguinte conceito, “A minha liberdade é tanto maior, quanto maior for a liberdade do outro, porque a minha liberdade é reflectida pelo outro, que funciona como um espelho para mim. Por isso não posso ser livre se me confronto com outros, enquanto servos ou amos”. A liberdade assim definida conduz à igualdade e pode também ser referenciada como dignidade. É a minha dignidade que está em causa quando me retiram um pedaço que seja da minha liberdade.
Outro conceito em que nos baseamos é a auto-organização, definida como a capacidade e possibilidade efectiva de cada pessoa e cada colectivo de qualquer ordem, poder organizar e dirigir a sua vida, o seu projecto, seja de que espécie for, sem amos, nem interferências de terceiros. Tudo isto fora de qualquer tentativa de um isolamento contra o outro, mas sim de cooperação com todos numa base de igualdade, de cooperação e de dignidade.
Um outro aspecto ainda, que temos aperfeiçoado ao longo do tempo, diz respeito aos elementos da Tertúlia Liberdade. Embora a Tertúlia Liberdade se reveja em muitos aspectos identitários da ideologia anarquista e vários entre nós perfilhem essa perspectiva, a Tertúlia Liberdade não se define como uma associação anarquista, é na verdade uma associação sem chefes, com decisões tomadas por consenso e sem pretensões hegemónicas. Pretendemos isso sim, trocar experiências com outros e avançar na cooperação, nacional e internacional. Num sentido igualitário e federalista. Todos aqueles que aceitem e levem, à prática estes princípios mínimos são bem aceites no nosso colectivo.
Por fim, a diferença que por vezes possa existir entre vários pontos de vista dos companheir@s é enriquecedora, obriga-nos a reflectir e faz-nos avançar. É indispensável evitar a uma perigosa unanimidade aparente e balofa.
Estes serão os nossos princípios básicos, os tijolos que permitirão continuar a edificação da nossa Tertúlia com segurança e que, se o movimento social o exigir, nos darão a possibilidade de dispor da ética necessária às respostas a dar. E, como disse um filósofo, a ética é estar à altura dos acontecimentos.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O debate de Janeiro

No passado dia 27 de Janeiro iniciou-se na RDA 69 o ciclo de debates mensais promovidos pela Tertúlia Liberdade, todas as últimas quintas-feiras de cada mês neste local e subordinados ao tema "O que queres fazer da puta da tua vida?".

O convidado desta sessão, Marco Montenegro, começou por expor o seu ponto de vista salientando que na Europa, e no mundo dito "ocidental", perspectivar escolhas na vida, passa muitas vezes por escolher o que consumir, quando, como e com quem e o individuo atomizado tende a produzir a sua identidade numa relação intima com os objectos de consumo, que o definem e delimitam perdidas que foram as referências à comunidade, ao bairro, à relação com a terra e com o trabalho, num sentido de classe, proletário ou operário.
Mas hoje a sociedade da abundância, ou a abundância na sociedade, já não parece estar ao alcance de todos. A crise que se instalou já não é só económica mas também psicológica porque acabou-se o refúgio no consumo e as pessoas não sabem reagir ou ter uma capacidade crítica sobre os acontecimentos. Amestradas que foram para se atomizarem, não conseguem deslumbrar mais nada para além do círculo dos "mercados", problema e solução único; porque se esqueceram das velhas utopias socialistas que ensinaram às sucessivas gerações do passado que nada é conquistado e mantido sem muito sangue e suor colectivo.
A sobrevivência e a felicidade passam no cada um por si ou num sentir colectivo? As lutas recentes na Grécia, na França, Itália, Inglaterra e Ucrânia parecem indicar que existem outros caminhos que não passam pelo retomar do consumo numa sociedade de indivíduos atomizados. O convidado concluiu citando Emídio Santana «a nossa vida não é a simples fatalidade de existir mas de sermos agentes do nosso próprio processo histórico».
Seguiu-se um animado e participado debate entre as cerca de trinta pessoas presentes sendo de destacar o seguinte: assistiu-se à defesa das cooperativas de produção e distribuição alimentar como uma necessidade básica descurada pelo actual sistema, por contraponto à revolução política, que ninguém defendeu.
Insistiu-se na necessidade de um ensino capaz de preparar as pessoas para a autonomia em vez de para a servidão e o seguidismo. Ouviram-se denúncias, algumas na primeira pessoa, sobre o funcionamento perverso dos serviços sociais. Foram contadas histórias de outros lugares, nomeadamente de Barcelona, onde a auto-organização cooperativa animou e anima a vida de muita gente. Registou-se uma diversidade de participações e interesses e um bom clima de diálogo, que se pode melhorar e fazer enraizar.
O próximo debate, no dia 24 de Fevereiro, terá como convidado o André Vicente, participante que se voluntariou para animar o arranque das discussões.