POBRES,
NÃO! ESTRANGEIROS, NUNCA! ANARQUISTAS, JAMAIS!
Acabou,
finalmente, a pobreza, a pedincha e a anarquia dos mesmos de sempre.
Nasce
uma Nova Sociedade, inspirada pelo pequeno grande Sarkozy e regida pela ciência
aritmética dos mercados, pelas inspiradas leis da indústria, comércio e
finança!
Agora,
todos os pobres, todos os estrangeiros, os anarquistas, iconoclastas, ateus,
revoltosos e inadaptados terão um rumo a seguir. Criaremos novas normas, uma nação
nova, leis que todos terão de seguir, de forma ordeira e
exemplar, segundo o modelo 2177-A do Diário da Republica - IIª série. Os pobres, os estrangeiros, os anarquistas e
os demais, serão examinados cuidadosamente nos Laboratórios da Direcção Geral
dos Assuntos Fiscais, para avaliar do seu estado físico, mental e, sobretudo,
financeiro.
Os
que merecerem a aprovação dos Serviços serão devidamente normalizados,
desinfectados e hermeticamente fechados!
O critério
fundamental para a aprovação prende-se com a saúde financeira de cada
espécimen, de acordo com as seguintes regras:
1 – Só é permitida a estadia em Portugal, aos
estrangeiros com emprego, que não tenham dívidas de qualquer espécie, como por
exemplo, renda de casa, merceeiro, água, luz, telefone, prestações de carro e
electrodomésticos. Também incorrem em expulsão os indivíduos de nacionalidade
estrangeira que procurem eximir-se ao pagamento do transporte colectivo, da quota
do seu clube de futebol ou qualquer outro pagamento.
2- Todos os pobres nacionais que não tenham
emprego, ou incorram em dívidas descritas no ponto 1, perderão a nacionalidade
portuguesa.
3 – Não é permitida a estadia em Portugal a indivíduos
sem nacionalidade definida.
4 – Todos os anarquistas, iconoclastas, ateus,
revoltosos e inadaptados, serão submetidos a exames periódicos por parte do
Observatório de Segurança.
5 – Todos os indivíduos referidos em 4, que não
corresponderem aos parâmetros estabelecidos pelo Observatório de Segurança,
particularmente por representarem um perigo para a ordem pública e a
tranquilidade dos espíritos ou se revelarem pobres, perderão a nacionalidade
portuguesa.
Todos
os indivíduos que sejam expulsos do país, terão direito a uma passagem de avião, só de ida.
Os
processos de expulsão democrática serão integrados num nível de gestão
industrial, organizada e gerida como uma fábrica de enchidos!!!
Expulsões sim; mas muito humanas, com licença e
autorização.
Expulsões, sim; mas homologadas pela ASAE e restantes
organismos oficiais
Expulsemos os pobres, os heréticos, os anarquistas
e demais espécimen deste tipo e marchemos, cantando e rindo, com as carteiras
recheadas!
Mais
uma vez daremos o exemplo ao mundo. Construiremos um mundo asséptico e inodoro,
onde não cabem os pobres, os estrangeiros se forem pobres, e todos os
revoltosos. Todos aqueles que não dão garantias de solvabilidade não interessam
à nossa Pátria.
Todos
terão de se submeter às leis supremas do mercado.
Só importam os úteis, produtivos e rentáveis!!!
DIRECÇÃO GERAL DA COLONIZAÇÃO DAS MENTES
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