terça-feira, 9 de abril de 2013

ÀCERCA DA PRODUTIVIDADE E NÃO SÓ


No chinfrim que os políticos de profissão lançam sobre "o indispensável aumento da produtividade", que juram a pés juntos tratar-se de uma panaceia obrigatória ao curativo da venerada economia nacional, caninamente ampliado pela auto-intitulada e domesticada comunicação social, a impostura, o embuste e a ignorância dão as mãos para nos enredarem numa nebulosa de trapaças e persuadirem-nos a oprimirmo-nos a nós próprios. E tudo isto em favor da celestial economia nacional, essa venal dama que só se deixa seduzir pelos detentores de adiposas contas bancárias.
Semelhantes sujeitos falseiam sem sombra de pudor, quando nos asseguram que é obrigatório trabalharmos muito mais horas para que a dita produtividade possa aumentar. Com esta e outras falsidades, confundem deliberadamente o aumento da taxa de exploração, que perseguem sem dó nem piedade, com a produtividade que apregoam.
Por isso mesmo, procuram iludir os trabalhadores garantindo que só através do esforço de todos, com mais trabalho e menos descanso, poderemos aumentar a produtividade e dessa forma atingir o nível de vida da Alemanha, da Suiça e doutros países. Como o cinismo não paga imposto, nem a mentira mais descabelada é sancionada, procuram escapulir-se à socapa apesar de semelhantes aleivosias, enquanto se gabam de serem reconhecidos internacionalmente como personagens de elevado gabarito. Desgraçados pigmeus intelectuais, cujo valor reconhecido não ultrapassa as fronteiras dos seus cúmplices de lúgubre ofício.
Trafulhas exímios, o seu único talento, é o de escamotearem que a única produtividade de que falam, a do trabalho, já que as restantes, como a do capital ou a da tecnologia lhe são alheias, não é o resultado do aumento do tempo de trabalho. Resulta, isso sim, do aumento de produção obtido através da introdução da tecnologia, da inovação  e  da organização. Mas estes factores produtivos estão acima das suas competências e interesses.
Porém, aos novos negreiros só lhes interessa um percurso para obterem o ambicionado aumento dos lucros e manterem a sua função, cada vez mais enfraquecida, de uma burguesia sem defesas externas e assediada pela feroz competição global. Ou seja, o aumento da exploração, obtido através do prolongamento do tempo de trabalho e da redução dos salários, directos e indirectos.
Esta classe de políticos ignorantes e presunçosos, acompanhada de uma burguesa local semi-analfabeta e pretenciosa, demonstra mais uma vez que é constituída por diligentes descendentes dos seus antepassados negreiros, em cujos métodos procura inspirar-se.
É assim que as falsidades saem das suas bocas com a mesma facilidade com que os seus trejeitos histriónicos simulam pesar com a sorte que fazem sofrer à população. Por isso mesmo, acompanhados por diversos sacripantas, académicos e outros do mesmo jaez, repetem constantemente que os trabalhadores alemães têm bons apoios sociais e auferem muito maiores salários porque a sua produtividade é muitíssimo maior que a deste pequeno rectângulo. Deste modo, juram-nos por todos os santos e pelo seu omnipresente deus dinheiro, precisamos de aumentar a nossa produtividade para sermos pagos em conformidade com os trabalhadores alemães. Mentirosos sem remédio ou ignorantes completos? Talvez a combinação das duas vergonhas.
Pois, na verdade, a produtividade do trabalho na Alemanha é dupla da que temos por cá, mas os salários portugueses são quatro vezes menores do que os dos seus colegas alemães. O que significa que, para ganharmos como os trabalhadores alemães em função das respectivas produtividades, deveríamos auferir o dobro daquilo que recebemos. Estes trafulhas mentem descaradamente!
De facto, a anémica burguesia portuguesa e os seus representantes governamentais, perseguem apenas um objectivo, aguentarem-se na procela que atravessa o seu mundo e abala as suas certezas de opressores, enraizada por séculos de domínio e exploração de um povo, que sempre têm diligenciado amansar.
No surpreende assim que, entre ladainhas e promessas, busquem as mais requentadas saídas para  benefício das suas fortunas. Foi deste modo que há dias um personagem ministerial de elevado gabarito e triste figura, nos invadiu as casas via televisão, para anunciar o último desarrincanço governamental. A instalação em Portugal de dez mil reformados estrangeiros de elevadas posses.
Fazendo constante uso do seu falso sorriso, que procura assemelhar a uma Gioconda de fancaria, enquanto escondia a careca finamente penteada com os escassos cabelos que lhe restam, este importante figurão abriu as goelas, enquanto afagava um dos seus vinte mil fatos de elevado preço. E, na certa  com receio de uma reação menos cortez, fazia-se acompanhar de um bem nutrido corpo de seguranças. Cobrindo-lhe as costas, encontrava-se um deles, um mastôndico troglodita de rosto patibular, enquanto, de ambos os lados, se colocavam dois polícias anões, devidamente fardados. Mais atrás, em bicos de pés, procurando aparecer nas imagens televisivas, gesticulava um gorducho baixote, de cabelo ralo e olhar esgazeado. Tratava-se do ministro do pelouro económico, respeitosamente mantido à distância, como as seculares regras da hierarquia estatal impõem.
Cenário preparado e com os escrevinhadores atentos e veneradores, ouviu-se a vozinha esganiçada do ministro-chefe, que arengou,  "o nosso governo, sempre atento à  evolução dos mercados, tomou a firme decisão de desenvolver um novo de segmento do mercado turístico. Uma autêntica frieira, perdão, fileira, que muito irá contríbuir para uma ainda maior animação do nosso turismo". Aqui chegado, alargou-se o seu falso sorriso giocondesco e, em tom esforçado, a sua débil vozinha pigarreou, " Vamos criar condições para receber 10.000 turistas no imediato e alargar rapidamente esse número. Nós possumos em Portugal óptimos condições para os receber". E, sempre no mesmo piar, lá prosseguiu o sermão, garantindo a bondade da iniciativa, implicitamente da sua larva, sempre em nome de uns desconhecidos "nós" e invocando a toda a hora um incerto Portugal, mas jamais deixando a descoberto, quem são semelhantes "nós" e a que Portugal se refere, deixando igualmente  encerrados em espessa neblina todos os aspectos concretos de   semelhante  negociata.
Despudoradamente, garantiu-nos, isso sim, que Portugal é  um país  óptimo para se viver e que os tais reformadas  de posses, anseiam receber os benefícios do "nosso" sol e da "nossa" tranquilidade. Teve mesmo o desplante de revelar que, para converter os potenciais clientes ao seu credo,  vai assegurar-lhes uma fiscalidade mínima. Muito ao contrário dos trabalhadores e reformados portugueses, afogados e torturados com uma cada vez maior canga fiscal, esta gente irá pagar um imposto reduzido.
Terminada esta encenação, retirou-se pela direita baixa, sempre acolitado pelo baixote lunático, seu colega, bem como pelo segurança mastadôntico e os polícias anões. Isto tudo, sem que nenhum dos presentes lhe exige-se regalias semelhantes às anunciadas para os endinheirados visitantes.
É bem verdade que esses reformados de outras bandas não estão sujeitos aos tratos de polé que o governo proporciona aos seus homólogos portugueses e, se alargarem por cá os cordões à bolsa, irão possibilitar aos donos de Portugal, isto é, os tais "nós", a compra de mais popós de luxo, viagens principescas e estadias em resorts de elevada categoria, além da constante frequência de institutos de beleza e bordéis de sonho, em toda a parte do mundo. Isto tudo,  entre muito outros privilégios. Mas nós também somos gente, senhor ministro. E, ao longo de toda uma vida, sustentamos as mordomias e regabofes com que você e os seus colegas se delíciam.
Ou não será que também  tem de ser reduzida  a canga fiscal com que nos asfixiam? Já sabemos a resposta, conhecemos o embuste cínico com que nos mimoseam. Com que procuram  justificar o injustificável,  como a hemorrogia de gentes que este país está sofrendo, em que  200.000 pessoas  fugiram à  miséria com que nos contemplam, só nos últimos dois anos. Mas, afinal, não será esse o vosso objectivo governamental? Expulsar do país aqueles que se sentem estrangeiros na sua própria terra, utilizando a emigração como válvula de escape, como um  alívio das tensões potenciais, geradoras daquilo que os donos do país mais temem, o estalar de uma revolta social, isto apesar da apregoada mansidão que nos atribuem e dos cínicos elogios  a essa pretensa caracteristica lusitana. E tudo isso enquanto por todos os meios procuram apressar a morte dos velhos pobres, que para essa cambada não representam mais do que onerosos encargos financeiros.
Ou talvez também seja conveniente para as gentes do capital e do estado que a grande maioria da população emigre, enquanto apressam a morte dos velhos e dos doentes. Neste momento tudo indica que se propõem levar  à cena o segundo acto desta manhosa novela, ou seja, a substituição da maioria dos portugueses por velhos estrangeiros abonados. Enquanto que, àqueles trabalhadores de matriz lusa que por cá restarem, lhes está reservada uma função especial, a de criadagem servil dos macróbios endinheirados.
A estes tri-doutores, argentários, propagandistas e parasitas estatais, que a toda a hora nos apavoram com a baixa produtividade nacional, convém colocar uma questão. Qual é a vossa produtividade?
Qual a produtividade de um deputado? De um ministro? De um banqueiro? De um capitalista? De um privilegiado parasita estatal? De um administrador? De um mercenário da caneta? De um insensível académico tri-doutor? De um sacerdote ou de um general? Como devemos avaliá-la,  mensurá-la ou classificá-la?
Será através do número de leis anti-populares promulgadas num ano, que um boçal deputado aprova, segundo as ordens da sua máquina partidária, que a sua produtividade se mede? E um ministro, vamos medi-lo por via do aumento dos lucros que a sua política proporciona mensalmente aos capitalistas nacionais? Sobre a produtividade de um banqueiro, certamente  que será mensurvel através do aumento dos lucros que o seu banco arrecada anualmente e, proporcionalmente, ao aumento da miséria da população. Quanto à produtividade do administrador de uma grande empresa, será de recear que se meça, quer pelo aumento dos ansiados lucros, quer pelo consequente despedimento e empobrecimento dos seus trabalhadores. Sobre os propagandistas travestidos de jornalistas, decerto que a avaliação se faz através do número de falsidades e encómios aos poderosos que produzem diariamente. E quanto aos venais tri-doutores, serão medidos pelo número de declarações públicas favoráveis aos donos de Portugal que realizam ao longo de um ano. Já no que diz respeito aos sacerdotes, a avaliação será complicada face ao número de variáveis em presença, mas inclino-me para a quantidade de almas que conseguem arrebanhar para a sua pregação conformista, ao longo de um ano. Por fim os generais, cuja produtividade é  fácil de avaliar. Sem dúvida que é  medida através do número de mortos que conseguem provocar em período de assassinatos guerreiros ou, nas alturas de paz,  pela quantidade de obedientes imbecis que  conseguem  gerar ao longo de um ano.
Esta poderá ser, realmente, a verdadeira forma de avaliar as gentes do poder, se forem medidas de acordo com os interessas que essa corja defende. E, muito para lá de quaisquer outros aspectos, a manutenção e reprodução de uma iníqua organização social, que lhes permita a sua manuentenção  como classe social. O que, no caso português, se torna cada dia mais complicado, face à perda das colonias e à  sua debilidade e incapacidade congénitas, factores a que se alia a feroz concorrência do capital gobalizado.
Por isso mesmo, utilizam crescentemente o único instrumento que dominam, a sobre-exploração do povo que,  para essa pandilha, constitui um custo variável e habitualmente manipulável, nem que para isso nos matem  fome.
Foi com semelhante espírito que recentemente um argentário-banqueiro, um tal Ulrich, seguiu o exemplo que se atribui a Maria Antonieta que, quando a multido esfomeada se queixava da falta de pão lhes repondeu, "Comam brioches".  Pois agora, o nababo Ulrich afirmou que os portugueses têm capacidade para suportar uma existência de ainda muito maior sofrimento, concluindo que, "Podem muito bem ficar sem casa e viver na rua".
 Ainda mais surpreendente que esta aleivosia é o facto de até agora ninguém ter desmascarado com a necessária firmeza semelhante patife e muito menos lhe ter dado a resposta que esse facínora merece, ou seja, lançá-lo nas àguas do rio Tejo.
Face a tudo isto, os donos de Portugal continuam a ampliar a asfixia em que nos mergulharam, enquanto em simultâneo nos vão prometendo gloriosos amanhãs cantantes. Na dianteira deste embuste desenfreado destaca-se o Coelho, primeiro-ministro, que tem o desplante de garantir que já se notam melhorias e em 2014 iniciaremos um esplêndido progresso.
Perante estes destruídores da vida e da esperança, falsos profetas que nos prometem um amanhã de delícias, sabendo que esse paraíso jamais se realizará, mas no qual, simuladores consumados que são, insistem diáriamente, apetece relembrar o poeta António Aleixo que, muito a propósito, disse:
Vós, que do alto do vosso império
Prometeis um mundo novo
Cuidado, não vá o povo
Querer um mundo novo a sério!

1 comentário:

Viver com a metadona disse...

O maior abuso de todos os tempos e eu falo em Vila Franca de Xira é ver numa cidade tão pequena mais de 50 tertulias a funcionar e algumas( muitas) a receberem pessoas e a venderem jantares e ilegalmente o fazem sem pagar impostos, acontece que destroiem TODA A HOTELARIA DESSA CIDADE..mas fazer queixa a quem se os proprios politicos de VFXira são CORRUPTOS e até tem as suas proprias tertúlias...VFXIRA É UMA TERRA DE BANDIDOS amantes da carnificiaria que é a tourada uns vaiodos cagões que não tem onde caír mortos, é a cidade mais Saloia( e quando falo saloia é mesmo de gente burra e mal formada) que eu já conheci