No chinfrim que os políticos de
profissão lançam sobre "o indispensável aumento da produtividade",
que juram a pés juntos tratar-se de uma panaceia obrigatória ao curativo da
venerada economia nacional, caninamente ampliado pela auto-intitulada e
domesticada comunicação social, a impostura, o embuste e a ignorância dão as
mãos para nos enredarem numa nebulosa de trapaças e persuadirem-nos a
oprimirmo-nos a nós próprios. E tudo isto em favor da celestial economia
nacional, essa venal dama que só se deixa seduzir pelos detentores de adiposas
contas bancárias.
Semelhantes sujeitos falseiam sem
sombra de pudor, quando nos asseguram que é obrigatório trabalharmos muito mais
horas para que a dita produtividade possa aumentar. Com esta e outras
falsidades, confundem deliberadamente o aumento da taxa de exploração, que
perseguem sem dó nem piedade, com a produtividade que apregoam.
Por isso mesmo, procuram iludir
os trabalhadores garantindo que só através do esforço de todos, com mais
trabalho e menos descanso, poderemos aumentar a produtividade e dessa forma
atingir o nível de vida da Alemanha, da Suiça e doutros países. Como o cinismo
não paga imposto, nem a mentira mais descabelada é sancionada, procuram
escapulir-se à socapa apesar de semelhantes aleivosias, enquanto se gabam de
serem reconhecidos internacionalmente como personagens de elevado gabarito.
Desgraçados pigmeus intelectuais, cujo valor reconhecido não ultrapassa as
fronteiras dos seus cúmplices de lúgubre ofício.
Trafulhas exímios, o seu único
talento, é o de escamotearem que a única produtividade de que falam, a do
trabalho, já que as restantes, como a do capital ou a da tecnologia lhe são
alheias, não é o resultado do aumento do tempo de trabalho. Resulta, isso sim,
do aumento de produção obtido através da introdução da tecnologia, da inovação e da
organização. Mas estes factores produtivos estão acima das suas competências e
interesses.
Porém, aos novos negreiros só
lhes interessa um percurso para obterem o ambicionado aumento dos lucros e
manterem a sua função, cada vez mais enfraquecida, de uma burguesia sem defesas
externas e assediada pela feroz competição global. Ou seja, o aumento da
exploração, obtido através do prolongamento do tempo de trabalho e da redução
dos salários, directos e indirectos.
Esta classe de políticos
ignorantes e presunçosos, acompanhada de uma burguesa local semi-analfabeta e
pretenciosa, demonstra mais uma vez que é constituída por diligentes descendentes
dos seus antepassados negreiros, em cujos métodos procura inspirar-se.
É assim que as falsidades saem
das suas bocas com a mesma facilidade com que os seus trejeitos histriónicos
simulam pesar com a sorte que fazem sofrer à população. Por isso mesmo,
acompanhados por diversos sacripantas, académicos e outros do mesmo jaez,
repetem constantemente que os trabalhadores alemães têm bons apoios sociais e
auferem muito maiores salários porque a sua produtividade é muitíssimo maior
que a deste pequeno rectângulo. Deste modo, juram-nos por todos os santos e
pelo seu omnipresente deus dinheiro, precisamos de aumentar a nossa
produtividade para sermos pagos em conformidade com os trabalhadores alemães.
Mentirosos sem remédio ou ignorantes completos? Talvez a combinação das duas
vergonhas.
Pois, na verdade, a produtividade
do trabalho na Alemanha é dupla da que temos por cá, mas os salários
portugueses são quatro vezes menores do que os dos seus colegas alemães. O que
significa que, para ganharmos como os trabalhadores alemães em função das
respectivas produtividades, deveríamos auferir o dobro daquilo que recebemos.
Estes trafulhas mentem descaradamente!
De facto, a anémica burguesia
portuguesa e os seus representantes governamentais, perseguem apenas um
objectivo, aguentarem-se na procela que atravessa o seu mundo e abala as suas
certezas de opressores, enraizada por séculos de domínio e exploração de um
povo, que sempre têm diligenciado amansar.
No surpreende assim que, entre ladainhas
e promessas, busquem as mais requentadas saídas para benefício das suas fortunas. Foi deste modo
que há dias um personagem ministerial de elevado gabarito e triste figura, nos
invadiu as casas via televisão, para anunciar o último desarrincanço
governamental. A instalação em Portugal de dez mil reformados estrangeiros de
elevadas posses.
Fazendo constante uso do seu
falso sorriso, que procura assemelhar a uma Gioconda de fancaria, enquanto
escondia a careca finamente penteada com os escassos cabelos que lhe restam,
este importante figurão abriu as goelas, enquanto afagava um dos seus vinte mil
fatos de elevado preço. E, na certa com
receio de uma reação menos cortez, fazia-se acompanhar de um bem nutrido corpo
de seguranças. Cobrindo-lhe as costas, encontrava-se um deles, um mastôndico
troglodita de rosto patibular, enquanto, de ambos os lados, se colocavam dois polícias
anões, devidamente fardados. Mais atrás, em bicos de pés, procurando aparecer
nas imagens televisivas, gesticulava um gorducho baixote, de cabelo ralo e
olhar esgazeado. Tratava-se do ministro do pelouro económico, respeitosamente
mantido à distância, como as seculares regras da hierarquia estatal impõem.
Cenário preparado e com os
escrevinhadores atentos e veneradores, ouviu-se a vozinha esganiçada do
ministro-chefe, que arengou, "o
nosso governo, sempre atento à evolução
dos mercados, tomou a firme decisão de desenvolver um novo de segmento do
mercado turístico. Uma autêntica frieira, perdão, fileira, que muito irá
contríbuir para uma ainda maior animação do nosso turismo". Aqui chegado,
alargou-se o seu falso sorriso giocondesco e, em tom esforçado, a sua débil
vozinha pigarreou, " Vamos criar condições para receber 10.000 turistas no
imediato e alargar rapidamente esse número. Nós possumos em Portugal óptimos
condições para os receber". E, sempre no mesmo piar, lá prosseguiu o
sermão, garantindo a bondade da iniciativa, implicitamente da sua larva, sempre
em nome de uns desconhecidos "nós" e invocando a toda a hora um
incerto Portugal, mas jamais deixando a descoberto, quem são semelhantes
"nós" e a que Portugal se refere, deixando igualmente encerrados em espessa neblina todos os
aspectos concretos de semelhante negociata.
Despudoradamente, garantiu-nos,
isso sim, que Portugal é um país óptimo para se viver e que os tais
reformadas de posses, anseiam receber os
benefícios do "nosso" sol e da "nossa" tranquilidade. Teve
mesmo o desplante de revelar que, para converter os potenciais clientes ao seu
credo, vai assegurar-lhes uma
fiscalidade mínima. Muito ao contrário dos trabalhadores e reformados
portugueses, afogados e torturados com uma cada vez maior canga fiscal, esta
gente irá pagar um imposto reduzido.
Terminada esta encenação, retirou-se
pela direita baixa, sempre acolitado pelo baixote lunático, seu colega, bem
como pelo segurança mastadôntico e os polícias anões. Isto tudo, sem que nenhum
dos presentes lhe exige-se regalias semelhantes às anunciadas para os
endinheirados visitantes.
É bem verdade que esses
reformados de outras bandas não estão sujeitos aos tratos de polé que o governo
proporciona aos seus homólogos portugueses e, se alargarem por cá os cordões à bolsa,
irão possibilitar aos donos de Portugal, isto é, os tais "nós", a
compra de mais popós de luxo, viagens principescas e estadias em resorts de
elevada categoria, além da constante frequência de institutos de beleza e
bordéis de sonho, em toda a parte do mundo. Isto tudo, entre muito outros privilégios. Mas nós
também somos gente, senhor ministro. E, ao longo de toda uma vida, sustentamos
as mordomias e regabofes com que você e os seus colegas se delíciam.
Ou não será que também tem de ser reduzida a canga fiscal com que nos asfixiam? Já
sabemos a resposta, conhecemos o embuste cínico com que nos mimoseam. Com que
procuram justificar o injustificável, como a hemorrogia de gentes que este país
está sofrendo, em que 200.000
pessoas fugiram à miséria com que nos contemplam, só nos
últimos dois anos. Mas, afinal, não será esse o vosso objectivo governamental?
Expulsar do país aqueles que se sentem estrangeiros na sua própria terra, utilizando
a emigração como válvula de escape, como um
alívio das tensões potenciais, geradoras daquilo que os donos do país
mais temem, o estalar de uma revolta social, isto apesar da apregoada mansidão
que nos atribuem e dos cínicos elogios a
essa pretensa caracteristica lusitana. E tudo isso enquanto por todos os meios
procuram apressar a morte dos velhos pobres, que para essa cambada não
representam mais do que onerosos encargos financeiros.
Ou talvez também seja conveniente
para as gentes do capital e do estado que a grande maioria da população emigre,
enquanto apressam a morte dos velhos e dos doentes. Neste momento tudo indica
que se propõem levar à cena o segundo
acto desta manhosa novela, ou seja, a substituição da maioria dos portugueses
por velhos estrangeiros abonados. Enquanto que, àqueles trabalhadores de matriz
lusa que por cá restarem, lhes está reservada uma função especial, a de
criadagem servil dos macróbios endinheirados.
A estes tri-doutores,
argentários, propagandistas e parasitas estatais, que a toda a hora nos
apavoram com a baixa produtividade nacional, convém colocar uma questão. Qual é
a vossa produtividade?
Qual a produtividade de um
deputado? De um ministro? De um banqueiro? De um capitalista? De um
privilegiado parasita estatal? De um administrador? De um mercenário da caneta?
De um insensível académico tri-doutor? De um sacerdote ou de um general? Como
devemos avaliá-la, mensurá-la ou classificá-la?
Será através do número de leis
anti-populares promulgadas num ano, que um boçal deputado aprova, segundo as
ordens da sua máquina partidária, que a sua produtividade se mede? E um
ministro, vamos medi-lo por via do aumento dos lucros que a sua política
proporciona mensalmente aos capitalistas nacionais? Sobre a produtividade de um
banqueiro, certamente que será mensurvel
através do aumento dos lucros que o seu banco arrecada anualmente e,
proporcionalmente, ao aumento da miséria da população. Quanto à produtividade
do administrador de uma grande empresa, será de recear que se meça, quer pelo
aumento dos ansiados lucros, quer pelo consequente despedimento e
empobrecimento dos seus trabalhadores. Sobre os propagandistas travestidos de
jornalistas, decerto que a avaliação se faz através do número de falsidades e
encómios aos poderosos que produzem diariamente. E quanto aos venais
tri-doutores, serão medidos pelo número de declarações públicas favoráveis aos
donos de Portugal que realizam ao longo de um ano. Já no que diz respeito aos
sacerdotes, a avaliação será complicada face ao número de variáveis em
presença, mas inclino-me para a quantidade de almas que conseguem arrebanhar
para a sua pregação conformista, ao longo de um ano. Por fim os generais, cuja
produtividade é fácil de avaliar. Sem
dúvida que é medida através do número de
mortos que conseguem provocar em período de assassinatos guerreiros ou, nas
alturas de paz, pela quantidade de
obedientes imbecis que conseguem gerar ao longo de um ano.
Esta poderá ser, realmente, a
verdadeira forma de avaliar as gentes do poder, se forem medidas de acordo com
os interessas que essa corja defende. E, muito para lá de quaisquer outros
aspectos, a manutenção e reprodução de uma iníqua organização social, que lhes
permita a sua manuentenção como classe
social. O que, no caso português, se torna cada dia mais complicado, face à
perda das colonias e à sua debilidade e
incapacidade congénitas, factores a que se alia a feroz concorrência do capital
gobalizado.
Por isso mesmo, utilizam
crescentemente o único instrumento que dominam, a sobre-exploração do povo
que, para essa pandilha, constitui um
custo variável e habitualmente manipulável, nem que para isso nos matem fome.
Foi com semelhante espírito que
recentemente um argentário-banqueiro, um tal Ulrich, seguiu o exemplo que se atribui
a Maria Antonieta que, quando a multido esfomeada se queixava da falta de pão
lhes repondeu, "Comam brioches".
Pois agora, o nababo Ulrich afirmou que os portugueses têm capacidade
para suportar uma existência de ainda muito maior sofrimento, concluindo que,
"Podem muito bem ficar sem casa e viver na rua".
Ainda mais surpreendente que esta aleivosia é
o facto de até agora ninguém ter desmascarado com a necessária firmeza
semelhante patife e muito menos lhe ter dado a resposta que esse facínora merece,
ou seja, lançá-lo nas àguas do rio Tejo.
Face a tudo isto, os donos de
Portugal continuam a ampliar a asfixia em que nos mergulharam, enquanto em
simultâneo nos vão prometendo gloriosos amanhãs cantantes. Na dianteira deste
embuste desenfreado destaca-se o Coelho, primeiro-ministro, que tem o desplante
de garantir que já se notam melhorias e em 2014 iniciaremos um esplêndido
progresso.
Perante estes destruídores da
vida e da esperança, falsos profetas que nos prometem um amanhã de delícias,
sabendo que esse paraíso jamais se realizará, mas no qual, simuladores
consumados que são, insistem diáriamente, apetece relembrar o poeta António Aleixo
que, muito a propósito, disse:
Vós, que do alto do vosso império
Prometeis um mundo novo
Cuidado, não vá o povo
Querer um mundo novo a sério!
1 comentário:
O maior abuso de todos os tempos e eu falo em Vila Franca de Xira é ver numa cidade tão pequena mais de 50 tertulias a funcionar e algumas( muitas) a receberem pessoas e a venderem jantares e ilegalmente o fazem sem pagar impostos, acontece que destroiem TODA A HOTELARIA DESSA CIDADE..mas fazer queixa a quem se os proprios politicos de VFXira são CORRUPTOS e até tem as suas proprias tertúlias...VFXIRA É UMA TERRA DE BANDIDOS amantes da carnificiaria que é a tourada uns vaiodos cagões que não tem onde caír mortos, é a cidade mais Saloia( e quando falo saloia é mesmo de gente burra e mal formada) que eu já conheci
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