terça-feira, 9 de abril de 2013

SOBRE A PENÚRIA NA ALIMENTAÇÃO


Quantos de nós se querem alimentar e não podem, passam fome ou comem alimentos impróprios para a saúde? Milhões em Portugal, biliões no mundo. Porque é que se destroem alimentos, enquanto tanta gente passa fome e luta com dificuldades para se alimentar? Porque é que se deita o peixe pescado ao mar, se deixa apodrecer a fruta e se abandonam os campos que poderiam produzir alimentos? Tantas perguntas e tão poucas respostas, para além da conversa da treta dos mercados, da crise e por aí fora. Tudo isso dito em tom que não admite resposta pelos políticos, economistas, propagandistas desta situação e outros simuladores da mesma espécie. Todos eles se apresentam bem nutridos, reluzentes, brilhantes e bem vestidos, e não fazem ideia do que são dificuldades. Embora todos nos assegurem que este é um problema muito complexo dos tais mercados, que todos ignoram menos eles, e é preciso apertarmos ainda mais o cinto para que venha aí um maná de prosperidade num futuro desconhecido..
È essencial combater esses aldrabões enfarpelados, as suas mentiras e falsas promessas, se quisermos sair do lodaçal em que esta corja nos mergulhou.
Antes do mais, convém salientar que nesta organização social existente, o capitalismo, todos os actos dos capitalistas têm uma intenção fundamental, a obtenção de lucro. Ganhar dinheiro e ter segurança no capital investido, é o que interessa aos capitalistas, donos de super mercados, bancos, sociedades de investimentos, propriedades agrícolas, fábricas e todos os restantes factores de produção, de troca e financeiros. Essa gente é que decide, sem nos consultar nunca, o que devem fazer. Fecham fábricas, deixam os campos ao abandono, especulam, jogam na bolsa, fazem guerras e muito mais, com um único objectivo, o lucro, o seu guia, deus e senhor. Não lhes interessam as necessidades do povo, e o seu sofrimento. Limitam-se a controlar-nos, sobretudo com propaganda e repressão de toda a ordem. Prosperam a fazer promessas de um futuro distante e, quando muito, concedem-nos uma caridadezinha, sempre muito útil na ausência da justiça. Mas receiam a liberdade verdadeira, que acompanha a dignidade e a igualdade. Esta igualdade só está presente no voto, mas é uma miragem na justiça social, que os aterroriza. A igualdade e a propagandeada democracia são completamente ignoradas por exemplo no local de trabalho, na justiça e na distribuição da riqueza produzida. Esta sociedade apregoa-se democrática mas somos obrigados a obedecer a tudo o que querem os chefes e patrões e a suportar que essa gente do mando e da riqueza esteja cada vez mais rica, enquanto o povo fica cada vez mais pobre. Onde estão a liberdade e a justiça?
Essa gente do dinheiro joga, por exemplo, na Bolsa de mercadorias de Chicago, onde se transaccionam as matérias-primas do mundo inteiro. Podem comprar seja o que for, como o trigo a 20 euros a tonelada, mas nem sequer querem o trigo, é pura especulação. Ficam com um titulo de compra para dali a 1 ano, por exemplo, receberem esse trigo a 20 euros/tonelada e nem sequer o utilizam. Tratam de o revender a um preço mais elevado a outros especuladores, retirando lucros chorudos. Esses outros muitas vezes também vendem esse título de compra a um preço ainda mais elevado, ficando com a diferença, ou seja, obtendo bom lucro. E isto acontece inúmeras vezes. Resultado, o preço de 20/euros a tonelada acaba por ficar a 35 ou mais e muitos desses compradores ficam-se apenas pela especulação, nem sequer se servem da mercadoria real. Por isso os preços do trigo, como os de muitos alimentos, aumentam brutalmente e muitas pessoas não conseguem depois adquirir os produtos que tem o trigo como matéria-prima, casos do pão, das massas e tantos e mais. E isto passa-se com tudo, carne, peixe, fruta e por aí fora.
Mas também dentro de um país, como em Portugal, a especulação floresce e os bancos,  que financiam os proprietários, na agricultura como outras fases da produção, pedem juros exorbitantes pelos empréstimos. Quem paga tudo isso? O consumidor naturalmente e por isso, aqueles de poucas posses,  muitas vezes não conseguem alimentar-se devido aos preços elevados e aos baixos salários e reformas.
No meio de tudo isto o Estado apoia estes salteadores do povo, e invoca a crise e outras cortinas de fumo apenas com uma intenção, evitar que reivindiquemos aquilo que é nosso, fruto do nosso trabalho, passado e presente.
Alguns podem perguntar, mas não há leis que evitem isto? Há leis, claro, feitas e sobretudo aplicadas, pelos interessados em que tal estado de coisas se mantenha. Leis concebidas para defender estes exploradores e afastar-nos da defesa dos nossos interesses.
 “Escolham os vossos representantes”, dizem os políticos profissionais, durante os períodos eleitorais, mas nós, que sustentamos toda a engrenagem com o nosso trabalho, não podemos alterar esta roubalheira, nem somos ouvidos quando eles concebem as leis do nosso descontentamento. A igualdade nesta democracia é só de 4 em 4 anos, perante o voto. E, no entanto, somos nós que temos produzido toda a riqueza ao longo dos séculos. O poder do estado é destinado a defender essa canalha. Já viram alguma vez a policia ir prender um capitalista que nos mente e explora? Mas se ocuparmos a fábrica em protesto, não faltam polícias para nos atacarem. E também nunca se viu um político profissional no desemprego.
A ligação entre os capitalistas e os chamados homens de estado é mais do que evidente, saltam a cada momento de um taxo do estado para o de uma companhia ou banco e vice versa, e defendem os mesmo tipo de interesses, ou seja, o domínio sobre o povo e a exploração.
É chegada a altura de reflectirmos sobre tudo isto, de dizermos basta! e agirmos de forma autónoma e livre. Antes que esta gente do dinheiro e do poder nos reduza a pão e água, para entregarem mais dinheiro aos bancos e manterem esta cruel e caduca organização social.

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