quinta-feira, 28 de março de 2013

Lavagem financeira, mais branco que branco!

Para “tratar” das massas de capitais acumulados nas contas bancárias consituiu-se, desde há mais de 20 anos, uma indústria financeira: essa indústria produz dinheiro em cadeia, não comprando nem vendendo outra coisa que não seja dinheiro sob todas as formas.
Com o fim de evitar uma redução do volume dos lucros, é preciso arriscar cada vez mais nos mercados financeiros. Antecipar os juros dos reembolsos dos devedores insolúveis, ou especular sobre as subidas de “futuros” fictícios, “insuflar” artificialmente os activos financeiros em circulação..., os fundamentos do capitalismo tornam-se cada vez mais precários. A actual bolha do complexo militar também dá a conhecer os sintomas de agonia de um sistema financeiro desligado da realidade, no qual os capitais não se transformam noutra coisa senão em capitais.
Nestes tempos as lavagens financeiras tornam-se num sub-regime e “branqueiam” qualquer coisa como 4 vezes mais do que o PIB mundial. Desde 2004, a Clearstream é muito mais importante do que a sua concorrente, a Euroclear, envolvido num escândalo de Estado. Isto por via das retrocomissões ligadas à venda de fragatas a Taiwan, em 1991, que foram encontradas nalgumas das 16.000 contas deste banco luxemburguês e estiveram na origem da reabertura dos processos judiciais em 2001.
Este é um processo que envolve personagens como Jea-Louis Gergorin, colaborador próximo do milionário Jean-Luc Lagardère na EAD’S, o General Philipe Rondot, especializado em operações especiais, bem como outras sumidades do patriotismo francês, tais como, Michele Albot-Marie, ex-mimitro da Defesa, Gustave Humbert, presidente da AIRBUS...
Nesta sombria história de denúncias e calúnias, Nicolas Sarkozy constitiu-se parte civil, receando que este negócio envolvesse a sua campanha eleitoral. A 26 de Julho de 2006, Dominique de Villepin, então primeiro-ministro, foi submetido a averiguações devido a cumplicidade em denúncias caluniosas e utilização de falsidades. Neste processo-espectáculo cada um dos intervenientes pretende representar o papel de vítima.
Enquanto isto, as contas da Clearstream permanecem megulhadas numa gigantesca opacidade. Dessas contas, 50% são suspeitas e não publicadas ou ocultas. Por exemplo, em 37 contas colombianas não há mais do que 7 publicadas. Todas as dúvidas são possíveis sobre dos fundos: de multinacionais, mafias, narcotráficos, prostituição, seitas, terrorismo de estado ou outros, sem esquecer os beneficiários das guerras.
E atenção às vertigens! O dinheiro gira em cada segundo nas máquinas de lavar da Clearstream. Entretanto, devido ao remexer da vida e do vício, o sistema mundial de crédito ameaça afundar-se numa crise bem negra.

CLEAR STREAM – Filial do grupo Deutsche Borse. Sede: Luxemburgo. Montante de negócios: 250.000 transacções por dia. 2.500 clientes de 100 países. Caixa Negra da finança mundial (coração da mundialização, memória das transacções oficiais e dissimuladas).
EUROCLEAR – Fundada em 1968, em Bruxelas. Montante de negócios: 800 biliões de euros em 2007.

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