quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Jornadas sobre a escravatura

JORNADAS SOBRE A ESCRAVATURA

Esta será a primeira iniciativa da Tertúlia Liberdade. Faz agora dois séculos que foi promulgado um decreto na Câmara dos Lordes inglesa, em que se abolia o tráfico de escravos.

Uma vez que Portugal foi um dos principais fomentadores do comércio de escravos, considerámos que esta data não deve ser ignorada, como tudo indica os diversos (i)responsáveis se preparam coerentemente com os seus interesses e dependências para fazer. Entendemos também que o assinalar desta data não será uma festividade, mas sim uma denúncia.

Denúncia não só do passado, com o domínio do homem através da escravatura, mas também das novas formas de exploração salarial que muitas vezes, prolongam a dependência dos seres humanos, não já sob a degradada forma da posse das pessoas através da desumana sociedade esclavagista, mas num regime de exploração salarial que reduz os seres humanos a utensílios da valorização do capital.

O nosso foco incidirá particularmente sobre a escravatura passada, entretanto abolida, mas não deixará de referir as actuais formas de exploração, com o seu cortejo de diferenças sociais, precariedade, desemprego e utilização do ser humano, sem respeito pela sua dignidade e liberdade. Interessa-nos realçar as diferenças e pontos de contacto entre estas duas sociedades. Não se pode compreender o presente sem perceber o passado.

Será a partir da denúncia das actuais formas de exploração que poderemos basear a continuidade deste actividade. Projecto este que encontrará a razão de ser através da participação activa das comunidades imigrantes, das suas associações, que conhecem bem as novas formas de exploração. Será em conjunto com associações e as comunidades que fará sentido prosseguir com a actividade. Não queremos que este assinalar do 2º centenário do início da abolição da escravatura seja um acto isolado.

Queremos acentuar a tónica sobre a destruição das sociedades fornecedoras de escravos e a acumulação de capital daí resultante para os países esclavagistas e beneficiários desse hediondo comércio. Entendemos que a escravatura praticada ao longo de séculos configurou desigualdades sociais persistentes à escala portuguesa e mundial que constituem hoje, factor de graves injustiças sociais e focos de tensão social e política A escravatura passada ajuda-nos a perceber a evolução histórica até aos dia de hoje, em que se atingiram as formas mais elaboradas de exploração.

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