quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Imigração e repressão

IMIGRAÇÃO E REPRESSÃO

Milhões e milhões de pessoas, os deserdados da terra, invadem o mítico bem estar europeu, como já há muito procedem os latino-americanos, ao baterem aos portões bem guardados, fortificados e agora amuralhados do sul dos EUA. As vítimas da troca desigual e da dependência global, recusam-se a morrer tranquilamente de fome nas suas terras, tão abandonadas como eles próprios, porque não possibilitam o ansiado lucro aos despóticos potentados do dinheiro e do poder.

O grande manitú dos tempos que correm, o capital, deixa em pousio não só as terras, como as fábricas e as próprias pessoas não suficientemente lucrativas. Prefere os negócios mais lucrativos, a especulação da bolsa, as guerras e as mais variadas drogas.

Martelados diariamente com as maravilhas dos "ricos", é natural que os "pobres" procurem alcançar o pretenso paraíso. Os portugueses conhecem bem este drama, mais de um milhão fugiu daqui nos anos 60 do século passado, e hoje, com a pobreza a agravar-se diariamente, saem de novo aos milhares em busca de melhor sorte. Isto tudo, apesar da crise que também atinge os países de acolhimento, a qual, uma vez mais, é suportada pelos mais frágeis. Entretanto os ricos ficam cada vez mais ricos e paralelamente aumenta a repressão sobre os pobres. Polícia por todo o lado, justiça em parte nenhuma.

Na sua fúria em defesa dos interesses instalados, os mentores desta injusta sociedade caluniam todos os que procuram chegar à Europa, os "ilegais", como acintosamente os designam. Procuram ignorar que os africanos, os leste-europeus, os sul-americanos e os asiáticos que para aqui se dirigem, quase sempre sujeitos às piores tarefas e à descriminação, são gente como eles e nenhum ser humano é ilegal.

Os promotores das mais variadas formas de barbárie sobre os imigrantes, julgam que através de acções repletas de crueldade irão apavorar todos aqueles que aqui buscam uma vida melhor e assim ninguém mais se atreverá a imitar estes perseguidos de hoje. Vã ilusão. Jamais será possível esmagar a ânsia da liberdade e da dignidade.

Manifestemos por todas as formas o nosso protesto, antes que esta poderosa gente passe à última fase do seu sinistro plano, a guerra total e o extermínio completo de todos os que não lhes obedecem.
Texto enviado para publicação no jornal «O Guetto» da autoria de JLFelix

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