Para “tratar” das massas de capitais
acumulados nas contas bancárias consituiu-se, desde há mais de 20 anos, uma
indústria financeira: essa indústria produz dinheiro em cadeia, não comprando
nem vendendo outra coisa que não seja dinheiro sob todas as formas.
Com o fim
de evitar uma redução do volume dos lucros, é preciso arriscar cada vez mais
nos mercados financeiros. Antecipar os juros dos reembolsos dos
devedores insolúveis, ou especular sobre as subidas de “futuros” fictícios,
“insuflar” artificialmente os activos financeiros em circulação..., os
fundamentos do capitalismo tornam-se cada vez mais precários. A actual bolha do
complexo militar também dá a conhecer os sintomas de agonia de um sistema
financeiro desligado da realidade, no qual os capitais não se transformam
noutra coisa senão em capitais.
Nestes tempos as lavagens financeiras
tornam-se num sub-regime e “branqueiam” qualquer coisa como 4 vezes mais do que
o PIB mundial. Desde 2004, a Clearstream é muito mais importante do que a sua
concorrente, a Euroclear, envolvido num escândalo de Estado. Isto por via das
retrocomissões ligadas à venda de fragatas a Taiwan, em 1991, que foram
encontradas nalgumas das 16.000 contas deste banco luxemburguês e estiveram na
origem da reabertura dos processos judiciais em 2001.
Este é um processo que envolve
personagens como Jea-Louis Gergorin, colaborador próximo do milionário Jean-Luc
Lagardère na EAD’S, o General Philipe Rondot, especializado em operações
especiais, bem como outras sumidades do patriotismo francês, tais como, Michele
Albot-Marie, ex-mimitro da Defesa, Gustave Humbert, presidente da AIRBUS...
Nesta sombria história de denúncias e
calúnias, Nicolas Sarkozy constitiu-se parte civil, receando que este negócio
envolvesse a sua campanha eleitoral. A 26 de Julho de 2006, Dominique de
Villepin, então primeiro-ministro, foi submetido a averiguações devido a cumplicidade
em denúncias caluniosas e utilização de falsidades. Neste processo-espectáculo
cada um dos intervenientes pretende representar o papel de vítima.
Enquanto isto, as contas da Clearstream
permanecem megulhadas numa gigantesca opacidade. Dessas contas, 50% são
suspeitas e não publicadas ou ocultas. Por exemplo, em 37 contas colombianas
não há mais do que 7 publicadas. Todas as dúvidas são possíveis sobre dos
fundos: de multinacionais, mafias, narcotráficos, prostituição, seitas, terrorismo
de estado ou outros, sem esquecer os beneficiários das guerras.
E atenção às vertigens! O dinheiro gira
em cada segundo nas máquinas de lavar da Clearstream. Entretanto, devido ao
remexer da vida e do vício, o sistema mundial de crédito ameaça afundar-se numa
crise bem negra.
CLEAR STREAM – Filial do grupo Deutsche
Borse. Sede: Luxemburgo. Montante de negócios: 250.000 transacções por dia.
2.500 clientes de 100 países. Caixa Negra da finança mundial (coração da
mundialização, memória das transacções oficiais e dissimuladas).
EUROCLEAR – Fundada em 1968, em Bruxelas.
Montante de negócios: 800 biliões de euros em 2007.
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