2 de Setembro 1870: o Imperador Napoleão III, imprudentemente envolve-se em guerra contra a Prússia e capitula em Sedan. A Republica é proclamada no Hôtel de Ville (Câmara). Os prussianos cercam a capital por longos meses, até ao armistício a 28 de Janeiro de 1871. Na Assembleia Nacional, eleita a 8 de Fevereiro, a maioria rural, conservadora, procura negociar a paz, mas Paris – que se defendeu valentemente – não se quer render. A situação é explosiva. Para evitar pressões populares na capital, a Assembleia Nacional foge para Versailles.
No princípio de Março Paris liberta-se a si própria. Um incidente precipita os acontecimentos. Adolf Thiers, chefe do poder executivo da República, ordena a retirada dos canhões que se encontram em Montmartre. A população opõe-se, uma parte da guarnição confraterniza com ela e dois generais são executados. Thiers decide então que o governo deixará Paris, instalando-se em Versailles. Nessa noite o comité central da Guarda Nacional instala-se no Hôtel de Ville. A eleição da Comuna efectua-se a 26 de Março e os seus membros instalam-se no Hotel de Ville perante uma multidão de dezenas de milhares de pessoas. Em dois meses numerosos decretos são promulgados. Uns de efeito imediato, como a liquidação dos contratos de aluguer, abolição do trabalho nocturno, interdição da retenção sobre o salário. Outros de efeito futuro: separação da Igreja e do Estado; instrução laica, gratuita e obrigatória; e organização do trabalho. Outras, emblemáticas, são adoptadas, como a destruição do símbolo imperialista da Coluna Vendôme. Nenhum membro da Comuna aufere salário superior ao de um operário especializado e pode ser destituído a qualquer momento. Entre os 83 membros eleitos havia 5 pequenos patrões, 14 empregados, 33 operários, 12 jornalistas, artistas e membros de profissões liberais também. Paris tinha 1.200.000 habitantes e 300.000 eram o verdadeiro sustentáculo do movimento, os “commmunards”.
Desde o início, conforme a tradição revolucionária, a população ergue inúmeras barricadas. Face á não criação de mais comunas nas restantes grandes cidades, os versalheses, apoiados pelos prussianos, que cercam Paris, atacam com 60.000 homens, sob o comando de Mac-Mahon e ordens de Thiers. A barbárie e a vingança foram terríveis. A “semana sangrenta” de 21 a 28 de Maio foi a mais cruel, com o massacre de 20.000 pessoas. A luta na defesa das barricadas dos bairros foi tremenda, mas vencida. Aos inúmeros mortos e feridos, terão de juntar-se multidões de prisioneiros seviciados, muitas vítimas de execução sumária e 4.500 desterrados para o campo de concentração da Caledónia, como Louise Michel, jornalista anarquista, regressada com muitos outros na amnistia de 1880, mantendo o espírito rebelde até ao fim da vida, em 1905. O seu funeral contou com 200.000 pessoas.
Ainda hoje a Comuna persiste na memória dos povos.
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