A "Onda Livre" o programa de rádio da Tertúlia Liberdade está de novo no ar. Escuta aqui:
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Penúria alimentar
SOBRE A PENÚRIA NA ALIMENTAÇÃO
Quantos de nós se querem alimentar e não podem, passam fome ou comem alimentos impróprios para a saúde? Milhões em Portugal, biliões no mundo. Porque é que se destroem alimentos, enquanto tanta gente passa fome e luta com dificuldades para se alimentar? Porque é que se deita o peixe pescado ao mar, se deixa apodrecer a fruta e se abandonam os campos que poderiam produzir alimentos? Tantas perguntas e tão poucas respostas, para além da conversa da treta dos mercados, da crise e por aí fora. Tudo isso dito em tom que não admite resposta pelos políticos, economistas, propagandistas desta situação e outros simuladores da mesma espécie. Todos eles se apresentam bem nutridos, reluzentes, brilhantes e bem vestidos, e não fazem ideia do que são dificuldades. Embora todos nos assegurem que este é um problema muito complexo dos tais mercados, que todos ignoram menos eles, e é preciso apertarmos ainda mais o cinto para que venha aí um maná de prosperidade num futuro desconhecido..
É essencial combater esses aldrabões enfarpelados, as suas mentiras e falsas promessas, se quisermos sair do lodaçal em que esta corja nos mergulhou. Antes do mais, convém salientar que nesta organização social existente, o capitalismo, todos os actos dos capitalistas têm uma intenção fundamental, a obtenção de lucro. Ganhar dinheiro e ter segurança no capital investido, é o que interessa aos capitalistas, donos de super mercados, bancos, sociedades de investimentos, propriedades agrícolas, fábricas e todos os restantes factores de produção, de troca e financeiros. Essa gente é que decide, sem nos consultar nunca, o que devem fazer. Fecham fábricas, deixam os campos ao abandono, especulam, jogam na bolsa, fazem guerras e muito mais, com um único objectivo, o lucro, o seu guia, deus e senhor. Não lhes interessam as necessidades do povo, e o seu sofrimento. Limitam-se a controlar-nos, sobretudo com propaganda e repressão de toda a ordem. Prosperam a fazer promessas de um futuro distante e, quando muito, concedem-nos uma caridadezinha, sempre muito útil na ausência da justiça. Mas receiam a liberdade verdadeira, que acompanha a dignidade e a igualdade. Esta igualdade só está presente no voto, mas é uma miragem na justiça social, que os aterroriza. A igualdade e a propagandeada democracia são completamente ignoradas por exemplo no local de trabalho, na justiça e na distribuição da riqueza produzida. Esta sociedade apregoa-se democrática mas somos obrigados a obedecer a tudo o que querem os chefes e patrões e a suportar que essa gente do mando e da riqueza esteja cada vez mais rica, enquanto o povo fica cada vez mais pobre. Onde estão a liberdade e a justiça?
Essa gente do dinheiro joga, por exemplo, na Bolsa de mercadorias de Chicago, onde se transaccionam as matérias-primas do mundo inteiro. Podem comprar seja o que for, como o trigo a 20 euros a tonelada, mas nem sequer querem o trigo, é pura especulação. Ficam com um titulo de compra para dali a 1 ano, por exemplo, receberem esse trigo a 20 euros/tonelada e nem sequer o utilizam. Tratam de o revender a um preço mais elevado a outros especuladores, retirando lucros chorudos. Esses outros muitas vezes também vendem esse título de compra a um preço ainda mais elevado, ficando com a diferença, ou seja, obtendo bom lucro. E isto acontece inúmeras vezes. Resultado, o preço de 20/euros a tonelada acaba por ficar a 35 ou mais e muitos desses compradores ficam-se apenas pela especulação, nem sequer se servem da mercadoria real. Por isso os preços do trigo, como os de muitos alimentos, aumentam brutalmente e muitas pessoas não conseguem depois adquirir os produtos que tem o trigo como matéria-prima, casos do pão, das massas e tantos e mais. E isto passa-se com tudo, carne, peixe, fruta e por aí fora.
Mas também dentro de um país, como em Portugal, a especulação floresce e os bancos, que financiam os proprietários, na agricultura como outras fases da produção, pedem juros exorbitantes pelos empréstimos. Quem paga tudo isso? O consumidor naturalmente e por isso, aqueles de poucas posses, muitas vezes não conseguem alimentar-se devido aos preços elevados e aos baixos salários e reformas.
No meio de tudo isto o Estado apoia estes salteadores do povo, e invoca a crise e outras cortinas de fumo apenas com uma intenção, evitar que reivindiquemos aquilo que é nosso, fruto do nosso trabalho, passado e presente.
Alguns podem perguntar, mas não há leis que evitem isto? Há leis, claro, feitas e sobretudo aplicadas, pelos interessados em que tal estado de coisas se mantenha. Leis concebidas para defender estes exploradores e afastar-nos da defesa dos nossos interesses.
“Escolham os vossos representantes”, dizem os políticos profissionais, durante os períodos eleitorais, mas nós, que sustentamos toda a engrenagem com o nosso trabalho, não podemos alterar esta roubalheira, nem somos ouvidos quando eles concebem as leis do nosso descontentamento. A igualdade nesta democracia é só de 4 em 4 anos, perante o voto. E, no entanto, somos nós que temos produzido toda a riqueza ao longo dos séculos. O poder do estado é destinado a defender essa canalha. Já viram alguma vez a policia ir prender um capitalista que nos mente e explora? Mas se ocuparmos a fábrica em protesto, não faltam polícias para nos atacarem. E também nunca se viu um político profissional no desemprego.
A ligação entre os capitalistas e os chamados homens de estado é mais do que evidente, saltam a cada momento de um taxo do estado para o de uma companhia ou banco e vice versa, e defendem os mesmo tipo de interesses, ou seja, o domínio sobre o povo e a exploração.
É chegada a altura de reflectirmos sobre tudo isto, de dizermos basta! e agirmos de forma autónoma e livre. Antes que esta gente do dinheiro e do poder nos reduza a pão e água, para entregarem mais dinheiro aos bancos e manterem esta cruel e caduca organização social.
TERTÚLIA LIBERDADE
(Texto distribuído no Barreiro durante a acção do Comida!Bombas não.)
domingo, 12 de dezembro de 2010
No Barreiro com Comida! Bombas Não e Ritmos de Resistência
No domingo 5 de Dezembro, a Tertúlia Liberdade, deu inicio a um processo de intercâmbio e colaboração com o grupo Comida! Bombas não, do Barreiro. Esta foi a 1ª primeira etapa dessa cooperação. Outras se seguirão, havendo já proximamente uma vinda da Comida! Bombas, até nós, em Lisboa. Pensamos que outras iniciativas deste tipo se podem desenvolver, envolvendo grupos autónomos, libertários e específicos, numa cooperação necessária e desejável. Este foi o 1º passo.
Vários elementos nossos estiveram presentes no decorrer do almoço vegetariano fornecido pelos Comida! aos que passam fome, devido à miséria social que aumenta assustadoramente por todo o país, como sabemos. Mas, este não é mais um acto de caridadezinha, os voluntários do Comida! conversam com as pessoas, procuram explicar o que são o domínio e exploração capitalista, que dão origem estas situações e desigualdades, a par de um desperdício insultuoso e destruição de alimentos por razões de ganância e do lucro que tudo comanda. Os elementos da Tertúlia, também almoçaram com os amigos, integraram-se nesse espírito e falaram com as pessoas que visitavam o local ao ar livre, com uma simples cobertura,, apesar da chuva intensa. Foram feitas até algumas entrevistas para o nosso programa radiofónico "Onda Livre!”
Colaborando connosco estiveram presentes os Ritmos da Resistência, que tocaram os seus tambores, animaram o acontecimento e confraternizaram com todos.
Também, entregámos muitos sacos com roupa para ajudar os desempregados, sub- empregados e sem casa, presentes. Diversos textos da nossa Tertúlia, incluindo um sobre as origens das desigualdades e da penúria alimentar, foram entregues pela nossa Tertúlia.
Do diálogo estabelecido, levantou-se também a possibilidade de apoiarmos a criação de uma Tertúlia noutra localidade. Resumindo foi uma acção bem positiva.
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